Coisas que a matemática de outros, não
nos amostra.
Primeiro
uma pequena história introdutória, para uma mera ilustração, da intenção do
texto elucidatório:
Ao
necessitar de um profissional, o departamento de RH de uma empresa, deu inicio
ao processo de recrutamento e seleção de candidatos. O treinamento ficaria a
cargo do chefe superior. Depois de inúmeros testes e entrevistas, com a
finalidade de peneirar e selecionar o grande número de candidatos que se
apresentaram, chegaram a um resultado. Então se chegou a um menor numero de pretendentes
a referida vaga disponibilizada. E os candidatos que passaram nas fases derrubatórias
─ denominadas no RH como classificatórias e eliminatórias ─ foram então encaminhados
ao chefe superior para uma escolha final. Daí então o chefe contratante simulou, e
aplicou uma conta bastante simples, de operações matemáticas, aos reduzidos
candidatos.
O
teste estabelecido pelo chefe era para ser feito sem uso de calculadoras, apenas
com lápis e papel, para chegar ao resultado. Com o teste do chefe, alguns candidatos
até erraram o resultado, e muitos supostamente acertaram, dada a simplicidade.
Mas teve apenas um candidato, que perguntou ao chefe entrevistador: “Quanto o
Sr quer que seja o resultado?”. E este candidato foi contratado!
Os números
não mentem, e não falham, mas se forem induzidos a mentir podem dar como
resultados os números desejados, por aqueles que os manipularam e os maquiaram:
resultados e parcelas, denominadores e multiplicadores, quocientes e
coeficientes, que induzem aos observadores a acompanhar seus cálculos e resultados,
conduzidos por um orquestrador.
Basta
buscar comparações com outros fatos e cálculos, com propriedades semelhantes.
Vide o PIB de um país, ou região. A riqueza de um país, ou região é medida pelo
PIB, e suas variações denominativas, indicadores da macroeconomia.
Grosseiramente é o calculo do total de arrecadação e produção, da população ativa
e produtiva, dividido pelo numero total de habitantes, dando um resultado médio.
Mas não apresenta os percentuais de detentores da riqueza, e os percentuais dos
que não possuem uma riqueza, por estarem em uma eterna pobreza. Não determinam
a quantidade de valores detidos pelos que estão na maior riqueza, e na mais eterna
pobreza. Diante do PIB todos são iguais, e possuem a mesma quantidade de
valores produzidos, por um valor médio calculado.
A
balança comercial de um país divide e separa exportações e importações em
supostos braços e pratos de uma balança. E o que vai ser colocado em cada braço,
em cada prato da balança, vai ser de acordo com os interesses de quem esta pensando
e pesando: produtos agrícolas, produtos manufaturados, produtos
industrializados, produtos de origem mineral e vegetal, prestação de serviços,
ativos e passivos, bens e emolumentos. Atividades: primaria, secundaria e
terciaria. Do extrativismo à produção em larga escala, intensiva ou extensiva. Bens
duráveis e não duráveis; bens materiais e imateriais; dividas e investimentos. Parcelas
escolhidas para resultados diferenciados, para analisadores e observadores
diferentes, independentes ou controlados. Resultados que podem ser calculados e
estimados, com riscos e certezas, questões de opções e pontos de vista.
O
consumo per capita de determinado produto induz a pensar que todos os listados
fazem um consumo médio daquele produto analisado. Sem se determinar que um grupo
menor, pode consumir bem alem do valor médio calculado, e outro grupo bem maior,
pode não consumir o determinado produto. Pesquisas determinam e elucidam que uma
parcela da população tenha uma opinião, mas não identificam o perfil do grupo
pesquisado e analisado. Não identificam suas classes sociais e partidárias,
suas rendas e suas posições no espaço geográfico. Seus estabelecimentos, suas
origens, suas procedências e seus destinos.
Governos
federais, estaduais e municipais aproveitam-se destes argumentos matemáticos
para mostrarem seus planejamentos e resultados. Aproveitam o pouco
relacionamento do povo com a matemática, para colocar placas com valores de uma
obra, com infinitos zeros orçamentários. Orçamentos astronômicos somam números
que podem não ser obtidos na vida trabalhista e previdenciária de um
trabalhador. Sabem que a população não anda pelas ruas com calculadoras somando
os valores das obras que determinado governo vem investindo ou gastando. E
muito menos andam com calculadoras com a quantidade de dígitos que possam ter
os valores das obras.
Impostômetros
são meras ilustrações no espaço urbano, já que não amostram de onde vem a
arrecadação, e como os recursos são utilizados. Apenas mostram somatórios
ininterruptos e supostos de quanto pode estar sendo arrecadado. E deixam as
duvidas, de exibirem as quantidades exatas, e para quem estão calculando, em um
placar eletrônico. Da mesma forma acontece com os IDHs, que estão a serviço de
que criou os índices, decretando-os como ideais, favorecendo suas próprias
cidades. Com objetivo que outras cidades tenham objetivos inalcançáveis, a
busca do top utópico, sujeitas a vistorias e consultorias dos que estão no topo.
Os
discursos políticos são acalentados e acalorados pelos valores em milhões e
trilhões, que são ditos como o quanto de valores serão investidos nas sempre
carentes áreas de saúde, transportes, alimentação, educação e saneamento. São
sempre maiores que os investimentos anteriores, tal como propagandas de sabão
em pó que sempre lavam mais branco que o concorrente. Planejamentos e
orçamentos para sair de um patamar de subdesenvolvimento, ou de uma sujeira
encardida. Promessas de administrações mais brancas ou mais transparentes.
Promessas de fazer um bolo crescer para depois repartir.
Enquanto
candidatos, políticos prometem trabalhar para o povo. Depois de eleitos se escondem
em gabinetes fechados e carros públicos com ar condicionado, sem dizer para
quem trabalham. Debatem seus discursos acalorados, em plenárias com vidros á
prova de balas, sugestões, necessidades, e desejos do povo. Com seguranças
dispostos a barrar um cidadão que não esteja engravatado. Colocam suas supostas
administrações expostas em paletós de grifes, bem alinhados. Com ternos e
carreiras, ilibados e customizados, com medalhas e condecorações, distribuídas
e escolhidas entre eles, e para eles, como estratégias de autopromoção de
realizações para o bem comum, em prol de uma sociedade.
E grandes
somas de investimentos são aplicadas nas chamadas obras de mobilidade urbana,
que remove casas e reduz os espaços sobre as calçadas. Estão empenhados e
interessados na sua própria mobilidade com avenidas largas e semáforos
sincronizados. Encurtam distancias com viadutos e passagens de nível, excluindo
semáforos, sinaleiras, sinais e faróis, de acordo com a cultura local.
O argumento
de que uma cidade cresce com ruas e rodovias. A visão de que evolução econômica
e financeira é possuir um automóvel, a autonomia da independência motorizada. Um
status ambulante para ser mostrado e estacionado. Um prato cheio para
montadoras de automóveis que querem colocar mais carros nas ruas, encharcando a
cidade. Montadoras e concessionárias apelam para os pecados capitais, em
propaganda e marketing, seduzindo o consumidor que não percebe que não há mais
asfalto livre para rodar, e muitas das vezes nem tem uma vaga ou garagem para guardar
seu carro.
Fabricas
de peças e montadoras ganham com a venda de seus automóveis; ganham com seus
bancos e financeiras próprias que financiam os carros e seguros, automotivos,
residenciais, e pessoais. Ganham em revisões programadas, e ganham com peças e acessórios,
ao longo da vida útil do carro. O automóvel sai de uma linha de montagem, para
uma linha de custos e financiamentos com o consumidor. E o proprietário precisa
abrir mão de uma varanda ou outro espaço da casa para ceder ao automóvel, seu
bem maior que precisa de abrigo e proteção.
Montadoras
internacionais e multinacionais oferecem uma corda para países, estados e cidades
quem queiram se enforcar em ruas e engarrafamentos. Precisam estar com a corda
no pescoço para que alguém venha em socorro a salvar, vender uma solução. Podem
ser carros menores, elétricos, ou mais econômicos, totalmente computadorizados,
com indicadores do melhor atalho.
Por
fim o país, com seus estados suas cidades, cada qual angariando seus impostos
de infraestrutura e sobrevivência: federais, estaduais, e municipais. Precisam
de dinheiro para movimentar sua maquina passiva, atravancada e burocrática. E
ainda levam a culpa de serem grandes emissores de monóxido de carbono, que
aumentam o aquecimento do planeta influenciando no regime pluviométrico, as
chuvas que inundam as cidades, ou as secas que assolam o sertão.
E agora
tem a necessidade e responsabilidade de economizar água e energia elétrica,
proveniente dos cursos d’água poluídos e degradados, pelas indústrias e multinacionais,
que com incentivos fiscais e renuncias de impostos, foram instaladas. Cursos de
água que vão sendo privatizados e gerenciados. Estrangeiros já oferecem seus
serviços de gestão e logística de recursos hídricos e hidrelétricos, vide
últimos acontecimentos históricos, políticos, e geográficos.
As
obras de mobilidade urbana surgem de projetos engavetados. Surgem
inesperadamente de uma gaveta mágica favorecendo aos que possuem automóveis. Estas
vêm com argumento que facilitaram o transporte coletivo, dando velocidade às
ruas e avenidas. São destacadas na paisagem e favorecem aos que tem poderes,
para ter mais de um carro, providos de ar condicionado, e roteiros rastreados,
com películas protetoras da luminosidade e do calor. Criam confortos aos que
tem acessibilidade térmica controlada. E com todos estes acessórios tecnológicos
podem se isolar do mundo que acontece do lado de fora, de suas casas e veículos.
O que acontece do lado de fora não é seu mundo, e não lhe interessa. O que lhes
interessa é um autopista, uma freeway, para correr e rodar, sentir o vento no
rosto, o vento que não sentem em ambientes fechados e desumidificados.
É
muito fácil administrar uma cidade com ar condicionado, cafezinho e água gelada,
dentro de um gabinete fechado, sem janelas e com um funcionário na antessala
permitindo ou não permitindo entradas de cidadãos e eleitores, com desculpas de
despachos, e audiências inadiáveis. È o isolamento do mundo, para que o mundo
que ocorre do lado de fora não o incomode com problemas. Parlamentares do
planalto central já pretendem construir um shopping para uso exclusivo. Para
que não precisem circular pelas ruas junto com os comuns e simples mortais. Em
breve devem planejar um heliporto para chegarem mais rápido ao aeroporto, e com
alfândega própria, com direito a free shop, com produtos caros e importados.
Dentro
de um gabinete observando números, parece que todos os problemas estão
resolvidos, com contas matemáticas. Políticos administradores aprenderam a arte
de administrar números, sem olhar pela janela, do carro, da casa ou do gabinete.
Sem saber de onde e como foram coletados os números que pairam sobre a sua mesa.
Gabinetes parlamentares já não possuem janelas para não receber influencias de eleitores
e outros parlamentares. Não sabem se esta chovendo ou fazendo sol, se há seca
ou enchente. Janelas costumam ter vidros e promovem a possibilidade de ver o
que acontece do lado de fora. Consideram melhor acreditar no que esteja
escrito, em projetos e protocolos, nas telas de seus computadores em intranet, do
que ver ao vivo o que acontece do lado de fora. Salvo condições que podem gerar
um marketing pessoal.
Torna-se
necessário que não se veja para uma melhor administração. Enquanto um faz de
conta que administra uma cidade, o outro faz de conta que vive em uma cidade administrada.
Em um balanço de mandado, fazem a divulgação de quantos projetos foram
apresentados, sem destacar quantos foram aprovados. Com suas
inconstitucionalidades parlamentares criam substantivos e adjetivos que possam
confundir seus sufragistas eleitores.
Vivemos
na era da informação, e toda informação precisa ser investigada. É preciso
saber e conhecer seus percentuais de verdades e mentiras.
RN 24/05/15
Roberto Cardoso
Desenvolvedor de
Komunicologia
Jornalista Cientifico –
UFRN-FAPERN-CNPq
Membro do IHGRN - Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Membro do INRG – Instituto Norte-Rio-grandense de
Genealogia
Coisas
que a matemática de outros, não nos amostra.
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