EADs
- A distancia da educação (1)
Enquanto docentes de universidades
publicas, com recursos de empresas e instituições governamentais voltadas à pesquisa
e o fomento, vão investindo e produzindo um conhecimento, as faculdades
particulares vão trilhando os passos das faculdades e escolas federais, e mais algumas
estaduais. Vão seguindo as pegadas do saber deixadas na areia por pós-graduados,
entre mestres, doutores e pós-doutores, frutos das denominadas academias do conhecimento.
E assim julgam que com valores financeiros arrecadados de alunos podem fazer e
saber muito mais. Contratam pós-graduados oriundos das Federais para compor seu
corpo docente, na tentativa de agradar e comover o corpo discente, com suas
estratégias de propaganda e marketing. Particulares não estabelecem em suas
ações e metas, a base triangular de uma universidade: ensino, pesquisa e desenvolvimento,
com a prestação de serviços à comunidade. Consomem o que não produzem. Produzem
apenas o que consomem: alunos que se formam e retornam aos bancos escolares. Sempre
como novos alunos, carentes de um novo conhecimento, nas complementações, nas atualizações,
nas especializações e nas capacitações.
Fundações de amparo à
pesquisa, federais e estaduais financiam estudos e projetos a quem produz pesquisa
e gera um conhecimento. Um espaço de poderes hierárquicos com certificados, diplomas
e títulos, cada vez mais raros, com difícil acesso e obtenção. Um espaço social
com disputas de saberes e conhecimentos; e brigas curriculares por um espaço
distinto do espaço comum. Espaços sempre dominados pelos intitulados como detentores
de um conhecimento, os doutores e pós-doutores, os filhos de Lattes. Os
arquétipos mitológicos e catedráticos. Deuses do saber e do conhecimento que
ocupam um espaço simbólico de domínios e saberes. Com financiamento de seus
projetos fortalecem seus capitais científicos e intelectuais, estabelecem um
domínio, um espaço simbólico e um campo
social de profissionais que criam e formam um habitus, com regras particulares de dominação, tradicionais e
conservadores, calcados na tradição histórica, de escolas e academias. Ali
constroem seus arcabouços teóricos em teorias empíricas, suas teses e seus
objetos científicos.
A reciprocidade do
conhecimento é um exercício social que favorece o desempenho da sociedade e da
faculdade. Mas o lucro fala mais alto. Faculdades particulares ensinam aos
alunos como estabelecer missões e visões, mas não são capazes de fazer o seu
próprio dever de casa. Cobram focos e metas em um conhecimento oferecido e planificado.
Produzem formandos em serie, para que em breve retornem para lustrar novamente os
bancos escolares em busca de novos conhecimentos não adquiridos. A escola empresarial
a serviço dos empresários; o capital do conhecimento em nome do capital
econômico. Com a produção de muito pouco capital intelectual.
E as faculdades particulares
descobriram um novo filão para vender seu suposto conhecimento: a Educação à
Distancia (EAD). A possibilidade de obter clientes estudantes, desejosos de um certificado
ou diploma. Clientes e estudantes distantes de seus espaços escolares: do campus
universitário, de seus campis e de suas outras instalações, urbanas e
suburbanas, centrais ou rurais. Uma distancia que pode trazer mais benefícios e
lucros à instituição particular de ensino, os grandes Startups, com tecnologia
e empreendedorismo. Redução e economias de espaços e custos de manutenção. Se a
intenção da universidade é formar cientistas e pesquisadores, já se perde desde
já um campo de estudos, um campo educacional para pesquisar, o ambiente
estudantil.
O homem é um ocupador de
espaços, um pesquisador e um explorador nato. Vive e convive com histórias e geografias.
Quem não vivencia um espaço, não
descobre e não percebe problemas: administrativos ou educacionais. Faculdades
nunca antes vistas no cenário da educação aparecem para vender uma nova
mercadoria, a prestação de um novo serviço: uma educação à distancia. Surgem do
nada exibindo anos e anos de experiência presencial.
EAD, um modelo de ensino que
mantém o aluno à distancia do ambiente educacional. Um modelo embasado pela
justificativa da atualidade e necessidade do aluno. Nunca da comodidade e
interesse institucional. Um modelo que exime de responsabilidades à instituição
educacional. Salas virtuais com escolas virtuais, e professores virtuais. O
aluno que frequentava as aulas e não prestava atenção era acusado de estar nas
nuvens. Agora vai ter que buscar arquivos e conhecimentos em ambientes de
nuvens, ou será acusado de não ser capacitado às novas versões e inovações, os
alunos virtuais.
http://www.publikador.com/author/maracaja/
http://www.publikador.com/author/maracaja/
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Natal/RN 20/04/15
Roberto Cardoso
IHGRN/INRG
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Texto escrito para:
Informática em Revista Ed Abril/2015
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